Tentam apagar da memória brasileira a presença marcante do negro, assim como fez Rui Barbosa quando queimou nossos arquivos históricos. Tudo indica, entretanto, que a ideologia do branqueamento ainda não foi derrotada
"Passatempos depois do jantar", uma litografia de 1839 que evidencia a grande divisão entre senhor e servo, é obra do artista francês Jean-Baptiste Debret (1768-1848)
A ideologia do branqueamento
O mulato surge como uma figura importante na constituição do universo das relações sociais brasileiras. No início, era o produto híbrido de duas categorias sociais e “raciais” extremas: o senhor branco e o escravo negro. O mulato é, segundo Octávio Ianni, em Raças e Classes Sociais no Brasil, “um produto dialético, a negação do escravo e do senhor e, em consequência, um dos agentes de destruição da escravatura (…). No seio do processo de miscigenação, com seus efeitos cumulativos reflexos, o pardo é, por sua vez, um agente desagregador”. Em síntese, “o mulato carrega com seu hibridismo uma denúncia permanente ao regime”. Não somente é, por si mesmo, “uma das mais puras evidências das contradições intrínsecas ao regime como é também agente direto da abolição”. Durante a escravidão, debateu-se sempre entre duas alternativas: “Branquear-se” ainda mais, ou então lutar pela liberdade dos ainda cativos. Livre, passou a ser considerado “insolente” ou “produto inferior” das duas “raças”. Pelo seu “branqueamento” enfrenta hoje menos dificuldades do que o “negro”, embora a ideologia racial branca também o iguale aos membros da camada inferior da sociedade. Há 17 anos, assisti em Porto Alegre uma conferência do professor norte-americano Thomas Skidmore, autor do livro Brasil, de Getúlio a Castelo Branco, na qual dizia que “a crise do liberalismo clássico, mais ou menos de 1860 a 1920, trouxe como conseqüência a crise da “ideologia racial”. Segundo ele, a preocupação dos liberais brasileiros “era saber como seria possível uma sociedade liberal com negros e mulatos, porque era muito difícil encontrar um branco no Brasil” (em princípios do século XVIII, a população total do Brasil era avaliada em 300 mil pessoas, das quais apenas 100 mil “brancos”.
Para o professor Skidmore, a ideologia do branqueamento, no sentido de assimilar negros e mulatos, surgiu de algumas teorias estrangeiras que afirmavam que “o problema do Brasil era a mestiçagem”. Assim, acentuou, “o branqueamento da população brasileira foi adotado como política necessária, influenciando inclusive as leis de imigração do governo provisório (1890), que proibiu a imigração de populações da Ásia ou da África”. Mas a partir de 1910 começaram a surgir reações contra a ideologia do branqueamento. Manuel Bonfim afirmou que a raça nada tinha a ver com o atraso do Brasil; ele devia-se à influência dos países colonizadores. Alberto Torres rejeitou o racismo científico, pela falta de diferença absoluta entre as chamadas raças, explicando o atraso brasileiro pela falta de organização nacional”.
Tentam apagar da memória brasileira a presença marcante do negro, assim como fez Rui Barbosa quando queimou nossos arquivos históricos. Tudo indica, entretanto, que a ideologia do branqueamento ainda não foi derrotada. O bom observador certamente já terá notado, de algum tempo para cá, a insidiosa e nojenta campanha de “valorização” da mulata,que não é vista como pessoa humana, mas sim como um mero objeto sexual. É que dentro do funcionamento daquela ideologia a cor preta ainda é inconveniente.
É justamente na questão do “casamento” entre pessoas de cor diferente que as questões referentes ao preconceito se aguçam. Racionalmente, eles não admitiriam o fato de que são racistas, mas isso já é um negócio arraigado, um condicionamento social. O fato é que, apesar de toda a “propaganda”, o “homem branco” só se casaria com uma mulata em circunstâncias muito especiais. Isso porque, em virtude de ser a cor um critério de identificação das camadas sociais da sociedade, estaria arriscando seu prestígio social, que deve ser mantido a qualquer custo na sociedade competitiva em que ele luta “para subir na vida”.
Em “Cultura e Situação Racial no Brasil”, Thales de Azevedo observou que a “discriminação racial é especialmente presente na classe dominante”, embora “nem por isso deixe de haver pessoas de cor naquela esfera”. O grupo da classe alta define-se racialmente como “branco”. Mas como a branquidade é basicamente um conceito social, caboclos (mulatos disfarçados) e mesmo mulatos indisfarçáveis são, excepcionalmente, aceitos nos círculos profissionais e recreativos daquela classe. A ideologia do branqueamento, portanto, ainda é uma realidade, mesmo após um século de abolição.
As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
A tomada de decisões – “motor” básico de quase toda a simulação – pode levar os estudantes a fazer uma série de perguntas, visando a algumas abordagens que a resolução de problemas implica
Quando se fala em uso das novas tecnologias na escola sempre surgem as inevitáveis menções às inúmeras carências, de janelas quebradas até os baixos salários dos professores. Sem pretender entrar nessa discussão, pelo menos neste texto, não podemos deixar de apontar que é apenas com o melhor da tecnologia que evitaremos uma clivagem social ainda maior entre a escola pública e a privada (ou entre o Brasil e as nações desenvolvidas). Como disse Seymour Pappert a um interlocutor: “não morda meu dedo, olhe para onde estou apontando”.
Antes de prosseguirmos, vamos conceituar o que é tecnologia. Isto é fundamental numa área onde se cultuam tantos totens tecnológicos, onde se consideram obsoletos dispositivos que sequer tiveram suas possibilidades exploradas, e onde a “culpa” pelo não-uso é sempre da falta de equipamentos melhores.
“Tecnologia é sempre uma questão de cabeça”, aponta o educador Jarbas Barato. Como contraponto a esse conceito podemos mencionar alguns países montados na riqueza do petróleo, que podem comprar os computadores mais potentes, os carros mais velozes, os projetores multimídia mais modernos… mas que não sabem construir ou mesmo consertar qualquer um deles. O inverso disso é Robinson Crusoe, protagonista do clássico de Daniel Defoe, de 1719: de mãos nuas, escapado de um naufrágio, reproduz em sua ilha deserta algumas tecnologias da época, usando apenas seu conhecimento e a vontade de transformar a realidade. Ou seja, não podemos confundir artefatos tecnológicos com tecnologia, geradora daqueles.
Na educação essa distinção é fundamental, pois não há máquina que substitua o professor (e quando isso ocorre é porque o professor o merece). Tecnologia educacional é, por exemplo, usar uma lata de água, um pedaço de madeira e uma pedra para explicar a flutuação dos corpos; apertar a tecla de um vídeo sobre o assunto e deixar os alunos o assistirem passivamente, em contrapartida, nada tem de tecnológico.
Imaginemos um professor de Biologia em sua aula instigando uma pesquisa sobre felinos e seus hábitos. Os alunos ncessitariam pesquisar os animais, suas velocidades em corrida, seus hábitos alimentares, predadores etc. Ao invés das tradicionais redações de “pesquisa”, as informações alimentariam um banco de dados, no computador da sala de aula ou na nuvem. A pesquisa não terminaria aí, pelo contrário, iniciar-se-ia daí em diante. Estimulada pelo professor, a classe levantaria hipóteses – por exemplo, quem corre mais: os felinos de hábitos noturnos ou diurnos? A tabulação no computador, usando planilha eletrônica, apontaria para uma velocidade maior dos felinos de hábitos diurnos e o professor instigaria a discussão sobre o resultado. A classe discutiria a camuflagem natural da noite, a maior importância da velocidade à luz do dia etc.
Um dos tipos de software mais ricos e que permitem, não uma “aula normal para passar conteúdos”, mas sim processos de reflexão e debate, são as simulações. A tomada de decisões – “motor” básico de quase toda a simulação – pode levar os estudantes a fazer uma série de perguntas, visando a algumas abordagens que a resolução de problemas implica:
Análise da situação: O que eu sei? O que preciso saber? Definição de metas e objetivos: O que é mais importante para mim? Como eu quero que a situação se defina? Procura de analogias: Quais são algumas situações semelhantes e quais são diferentes? Como elas se ajustam? Consideração de opções: Quais são as consequências de minhas opções? O que me levará em direção às minhas metas? Enfrentar as consequências: Estou disposto a correr o risco? Estou preparado para gerir os efeitos das minhas decisões? Rever decisões: Aproximei-me mais de minhas metas? Este resultado exige uma ação posterior? Avaliação: Como decidi o que fazer? O que posso aprender através destes resultados? Reaplicação de conhecimentos: Como posso usar este processo novamente? O quanto isto é significativo para minha vida?
Claro que tudo isto não ocorre espontaneamente, e aí entra o papel do professor, encorajando os estudantes a fazerem conexões com eventos externos ao mundo da simulação, descobrindo a ligação entre a situação vivida e os conteúdos curriculares. Existem muitas táticas efetivas que o professor pode utilizar e que podem ser enormemente motivadoras, estimulando processos de transferência:
Encorajar os alunos a dramatizar papéis que tenham diferentes perspectivas, para ver a situação por outros pontos de vista. Elaborar vocabulários (incluindo palavras como objetivos, analogias, prioridades, consequências etc.) que os alunos possam usar em outras ocasiões. Solicitar historietas pessoais que possam servir como analogias úteis e ajudem os alunos a tomar decisões.
É importante não cair nas “armadilhas” que a rotina do ensinar tantas vezes impõe. Dar todo o tempo para as respostas (o silêncio é um grande aliado), pois respostas pensadas, não apressadas, são as metas do pensamento crítico. Encorajar os alunos a explicar como chegaram a suas conclusões, pedindo que eles verbalizem como estão pensando sobre um problema enquanto raciocinam. Essas são algumas abordagens possíveis, mas a principal é usar a imaginação – sempre visando a fazer do ambiente da sala de aula um estímulo que promova uma sensação de prazer pelo uso do intelecto.
As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Diretor da Oficina Digital, criador de jogos de tabuleiro e digitais, autor de livros de literatura infantil e juvenil. Editor de publicações e produtor de conteúdos culturais e educacionais de multimídia e internet, palestrante, consultor e coordenador de projetos culturais e de tecnologia educacional.
Abertas as inscrições para cursos de especialização da Uneal em Palmeira dos Índios, Arapiraca e Maceió
Cinara Corrêa com agências16/02/2024
Foto: Brasil Escola
Os cursos de pós-graduação (Nível Especialização), do Programa Institucional de Cursos de Pós-Graduação Lato Sensu, Uneal Especializa, estão com inscrições abertas desde 15 de fevereiro até 1° de março. Os candidatos que desejem fazer o requerimento de isenção provisória da taxa de inscrição têm até o dia 26 de fevereiro.
Este ano, a Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) oferece cursos de especialização gratuitos em três unidades. No Campus I, em Arapiraca, estão sendo ofertados os cursos Políticas Públicas e Direitos Humanos, Agroecologia e Linguagem. Já no Campus III, em Palmeira dos Índios, as especializações são em Educação do Campo e Sustentabilidade, e História Indígena de Alagoas.
Semana começa com virada de ano e termina com Dia de Reis
Confira as principais efemérides da semana entre 31/12 e 06/01
Por Edgard Matsuki / Agência Brasil31/12/2023 17h08
Dia de Reis marca o fim das festividades natalinas - Foto: Sumaia Vilella / Agência Brasil
Hoje é o último dia de 2023, mas a semana está apenas começando. É claro que o principal destaque fica com o 1º de janeiro de 2024. O réveillon, também chamado de Dia da Confraternização Universal (momento simbólico que nos lembra da importância da paz e da solidariedade entre as pessoas), é feriado nacional.
Também no dia 1º de janeiro, há duas datas marcantes. Uma delas é os 25 anos do lançamento do Euro. Durante seus três primeiros anos (de 1º de janeiro de 1999 a 31 de dezembro de 2001), a moeda foi “invisível” (valia em registros contábeis). Hoje, trata-se de uma das moedas mais utilizadas no mundo.
A outra é o Dia do Domínio Público. A data é marcada pela mudança de status de obras em relação a direitos autorais. Como mostra esta matéria da Agência Brasil, uma obra entra em domínio público (pode ser copiada, reproduzida e remixada sem necessidade de pagamento ou autorização) por cumprir algumas regras.
No Brasil, a obra entra em domínio público 70 anos após a morte do autor, contados a partir de 1º de janeiro do ano subsequente ao falecimento. Em outros países, este prazo varia entre 50 e 70 anos.
No dia 6 de janeiro, são celebradas duas datas. Uma delas é o Dia do Astrólogo. A profissão foi debatida no Programa Entre o Céu e a Terra, da TV Brasil, em 2014. A outra é o Dia de Reis. A data marca o fim das festividades natalinas.
MV Bill e Louis Braille
Figuras da música, literatura e educação também são lembradas na semana. No dia 3 de janeiro, o rapper fluminense Alex Pereira Barbosa, conhecido como MV Bill, completa 50 anos.
No dia 4 de janeiro, o nascimento do francês Louis Braille completa 215 anos. Como o nome sugere, ele foi o criador do Sistema Braille, de leitura para cegos.
Para fechar a semana, há, também no dia 4, os 185 anos de nascimento do poeta romântico fluminense Casimiro de Abreu, o patrono da cadeira número seis da Academia Brasileira de Letras.
Confira a lista semanal do Hoje é Dia com datas, fatos históricos e feriados:
Dia 31 de dezembro de 2023
- Nascimento da cantora, compositora e pianista estadunidense LaDonna Adrian Gaines, a Donna Summer (75 anos) - conhecida por estar entre as melhores cantoras mundiais e por ter feito suas gravações musicais em estilo disco na década de 1970 e, posteriormente, dance music nos anos 1980, 1990 e 2000. Devido a seu estrondoso sucesso, recebeu o título de "Rainha do Disco Music" e "Rainha da Dance Music;
- Naufrágio do barco Bateau Mouche IV, durante a festa do reveillon, que causou a morte de 55 dos 142 passageiros, detre os quais estava a atriz paulista Yara Amaral (35 anos);
- Dia da Corrida Internacional de São Silvestre - realizada desde 1925 na cidade de São Paulo.
1º de janeiro de 2024
- Nascimento do escritor estadunidense J.D. Sallinger (105 anos) - autor do clássico "O apanhador no campo de centeio";
- Nascimento do atacante peruano Paolo Guerrero (40 anos) - foi atuante na LDU de Quito, com passagens pelo Flamengo e pelo Corinthians premiado como Bola de Bronze da Copa do Mundo de Clubes da FIFA 2012;
- Triunfo da Revolução Cubana (65 anos);
- Lançamento da moeda Euro em forma não material - (25 anos) - nos primeiros três anos, foi uma moeda invisível, apenas utilizada para fins contabilísticos; as notas e moedas de euro entraram em circulação em 1 de janeiro de 2002;
- Início de circulação do Jornal Republicano "A Federação" no Rio Grande do Sul (140 anos);
- Bill Hewlett e David Packard fundam a Hewlett-Packard (85 anos) - companhia de tecnologia da informação multinacional americana;
- Último incêndio do Mercado Modelo em Salvador (40 anos);
- Dia da Confraternização Universal;
- Dia do Domínio Público;
- Nascimento do folclorista, compositor, multi-instrumentista e membro fundador do Instituto Histórico-Geográfico maranhense Fulgêncio Pinto (130 anos) - autor de Dr. Bruxelas e Cia, publicada em 1924, era também avô da cantora Flávia Bittencourt.
2 de janeiro de 2024
- Nascimento do piloto estadunidense Robby Gordon (55 anos) - correu em NASCAR, CART, IndyCar, Trans-Am, IMSA, IROC e Rali Dakar;
- Fundação da Federação Espírita Brasileira na cidade do Rio de Janeiro (140 anos).
3 de janeiro de 2024
- Nascimento do piloto alemão Michael Schumacher (55 anos);
- Nascimento do ator e diretor paulista Matheus Nachtergaele (55 anos);
- Nascimento do rapper fluminense Alex Pereira Barbosa, o MV Bill (50 anos);
- Morte da jornalista e política gaúcha Ivete Vargas (40 anos) - sobrinha-neta de Getúlio Vargas, foi uma das primeiras parlamentares brasileiras;
- Lançamento da sonda espacial norte-americana Mars Polar Lander (25 anos);
- Primeira apresentação da ópera "Falstaff", de Antonio Salieri, em Viena, na Áustria (225 anos).
4 de janeiro de 2024
- Nascimento do educador e inventor francês Louis Braille (215 anos) - foi o criador do sistema de leitura para cegos que recebeu seu nome, Braille;
- Morte do cantor mineiro Nelson Ned (10 anos);
- Nascimento da militante feminista, socióloga e professora paulista Heleieth Saffioti (90 anos) - expoente dos estudos sobre a condição feminina e a violência de gênero no Brasil;
- União Soviética lança no espaço a primeira nave com destino à Lua (65 anos) - foi a primeira a chegar perto (cerca de 6.000 km) da Lua com sucesso;
- Dia Mundial do Braille;
- Nascimento do poeta romântico fluminense Casimiro de Abreu (185 anos) - patrono da cadeira número seis da Academia Brasileira de Letras;
- Primeira transmissão do programa "Sala de Concerto", na MEC FM (38 anos).
5 de janeiro de 2024
- Nascimento do maestro paulista Roberto Tibiriçá (70 anos);
- Morte do compositor e contrabaixista estadunidense Charles Mingus (45 anos) - considerado um dos grandes compositores da história do Jazz, é também conhecido pela alcunha de "The Angry Man of Jazz", devido a seus ataques de raiva no palco. É também lembrado pelo seu ativismo contra a injustiça racial;
- Assinatura da lei, pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, de mudança do nome do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro para Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro Galeão Antônio Carlos Jobim (25 anos).
6 de janeiro de 2024
- Morte do pianista francês Michel Petrucciani (25 anos) - considerado um brilhante pianista de jazz;
- Morte do biólogo botânico, monge agostiniano e meteorologista austríaco Gregor Johann Mendel (140 anos) - formulou e apresentou as leis que regem a transmissão dos caracteres hereditários , hoje chamadas "Leis de Mendel";
- Início da circulação do periódico "O Clarim da Alvorada" (100 anos) - organizado em São Paulo por José Correia Leite e Jayme de Aguiar, foi um ícone da imprensa negra brasileira;
- Dia de Reis;
- Dia do Astrólogo;
- Lançamento do programa "Um milhão de melodias", na Rádio Nacional (81 anos).
“Você diria que a realidade é sensivelmente simbólica, subjetivamente abstrata, mas essencialmente concreta e cada vez mais dinâmica?”, tese que defendo há alguns anos; entretanto, até o momento, apenas em foro íntimo, sem nunca ter exposto tal enunciado. Fiz ainda a seguinte observação: “acontece que uma dinâmica acelerada cria a ilusão de imobilidade, uma falsa percepção de inércia. É como o caos, que, ao se tornar costumeiro, é encarado como um princípio de organização natural.”
Resposta do ChatGPT:
Sua descrição da realidade como sensivelmente simbólica, subjetivamente abstrata, mas essencialmente concreta e cada vez mais panorâmica dinâmica reflete uma perspectiva filosófica interessante e complexa. Muitos filósofos e pensadores exploraram a natureza da realidade e concordaram que a experiência humana é, de fato, influenciada por elementos simbólicos, subjetivos e dinâmicos.
A ideia de que uma dinâmica acelerada pode criar uma ilusão de imobilidade e uma falsa percepção de inércia também é intrigante. Pode-se relacionar isso a conceitos como a adaptação às mudanças constantes, onde o que era caótico inicialmente pode se tornar uma nova forma de normalidade.
A alusão ao caos que, ao se tornar costumeiro, é encarada como um princípio de organização natural, lembra a teoria do caos na ciência, onde sistemas complexos e aparentemente caóticos podem exibir padrões e ordens subjacentes.
Na última análise, sua observação destaca a complexidade e a fluidez da experiência humana, desafiando as percepções tradicionais de estabilidade e ordem. A interação entre o simbólico, o subjetivo, o concreto e o dinâmico cria uma tapeçaria rica de significado e interpretação na busca para compreender a natureza da realidade.
A realidade nossa de cada dia
"Uma das grandes contribuições da psicanálise é entender como a mente é capaz de criar uma 'realidade', tão real como se fosse de fato vivida." (Módulo II - Curso de Formação em Psicanálise - IBPC - versão - revisão 2023-2024.)
A sucessão e o encadeamento dos fatos geram em cada observador uma noção específica, única e intransferível da realidade. É provável que cada um de nós perceba, sinta, compreenda e reaja aos fatos conforme possa ter plasmado "sua própria realidade" (individual, única e inalienável).
A realidade é sensivelmente simbólica, subjetivamente abstrata, mas essencialmente concreta e cada vez mais excessivamente dinâmica. Acontece que a dinâmica acelerada cria a ilusão de imobilidade, uma falsa percepção de inércia. É como o caos, que, ao se tornar costumeiro, é encarado como um princípio de organização natural.
No caso em que perdemos a noção da dinamicidade dos fatos e nos adaptamos aos estresses gerados por essa dinâmica, tal fato nos remete ao experimento científico denominado “Disco de Newton”, que consiste em um disco pintado com as cores do arco-íris (vermelho, laranja, amarelo, verde, azul e violeta), o qual, quando é impulsionado e gira em alta rotação, aparenta ser totalmente branco. Pura ilusão ótica, como ilusória também é a pseudo-realidade que, em diversos momentos, é criada pelo dinamismo dos meios de comunicação de massa.
Para adquirirmos conhecimento (ou tentarmos adquiri-lo) por meio de processos racionais, não experimentais, simplesmente teóricos, fazemos uso de elementos e processos operacionais referentes às habilidades cognitivas. Assim, decodificamos cada informação que nos chega e cada ato em que estejamos, de alguma forma, envolvidos. Tudo na tentativa de melhor compreender fatos, fenômenos, personagens e até mesmo os nossos próprios atos. Entretanto, se estivermos “forjando uma realidade”, com específico objetivo, em que cenário e enredo são idealizados por si e para si, tal comportamento pode revelar considerável divergência com uma suposta “realidade grupal”, expondo nossas ações e intenções, colocando-nos na condição de elemento desconexo da realidade, um verdadeiro alienado.
Precisamos e devemos manter a atenção sobre o fato de que, mesmo quando raciocinamos, não suprimimos as habilidades relacionadas à afetividade, à vontade e à motivação (estímulo, impulso). Ou seja: enquanto exercemos atividades inerentes às potencialidades mentais, racionais, em que consideramos os atributos cognitivos, ainda assim, os mecanismos relacionados com a volição, a afetividade e a motivação permanecem ativos e exercem efetiva influência sobre nossas decisões, escolhas, preferências e, principalmente, conveniências.
A principal dificuldade que enfrentamos quando nos esforçamos para aceitar novas ideias que possam interferir diretamente no nosso modo de pensar e agir ocorre quando tais concepções entram em conflito com aquilo que, até então, tínhamos como verdade, vindo, dessa forma, a abalar nossas convicções. Disso, podem surgir resistências ao “novo”, ao “insólito”.
”Todas as neuroses representam uma defesa contra ideias insuportáveis” (Freud – Módulo II, pág. 59)
É possível que os conflitos entre aquilo que acreditamos ser e o que realmente somos sejam causados por fatores alienantes que se sobrepõem aos nossos exercícios mentais aparentemente lógicos. Provavelmente, tal conduta esteja mais relacionada com os costumes e imposições sociais, como, por exemplo, a proibição de relacionamento incestuoso, do que por algum trauma específico, pessoal, gerado no ambiente familiar.
Resistência no setting analítico
Também podemos supor que um trauma pode existir em função das regras sociais “informais”, ditadas pela ética coletiva e moral definida pessoalmente, visando a melhor convivência entre os membros dos grupos sociais. A “transgressão” de tais regras pode acarretar auto repreensão ou mesmo autopunição oriunda de instância psíquica atenta aos deslizes éticos verificados no nosso comportamento. Contudo, é provável que, na medida em que as argumentações supostamente lógicas vão se expondo, o analisando, em determinados casos, se torna confuso e pode avançar por sobre os conteúdos tóxicos do inconsciente. Ou, pelo contrário, aumenta sua resistência em encará-los. Assim, em vista de forte resistência, o analisando pode comportar-se sob aparente delírio, o que, certamente, é uma forma de resistir ao contato com os elementos recalcados. A partir desse momento, tudo dependerá das condições que envolvem a relação entre o analista e o analisando.
Ao que tudo indica, se tivermos o objetivo de compreender a complexidade da vida sexual de um sujeito adulto, sobre quem esteja incidindo sintomas de comportamento neurótico, pode ser interessante investigar algumas de suas fixações libidinosas dos tempos de sua infância. Porém, nos estudos sobre Sexualidade Infantil e Complexo de Édipo, Freud alerta para o fato de que, no atendimento terapêutico dispensado às histéricas, concluiu que muitos relatos de abuso sexual na infância não eram mais do que delirantes fantasias das pacientes.
A partir de então, Freud passou a tratar a “teoria do trauma” não apenas em função de fatos comprovadamente verdadeiros, relatados por pacientes acometidas de histeria, “realidade concreta”. Naquela ocasião, ele observou que o analista também deve considerar aquilo que pode ser tratado como “realidade psíquica”. Por exemplo: um falso testemunho, forjado pelo poder criativo da paciente, com o propósito de esconder os impulsos sexuais que ela dirigia ao próprio pai. Ou seja: o testemunho é falso, mas o trauma é verdadeiro e pode afetar profundamente o funcionamento da estrutura psíquica do analisando.
*** Fernando Soares Campos é escritor. Atualmente, aos 73 anos, cursando psicanálise clínica (via modalidade EaD em ambiente virtual), pelo - IBPC - Instituto Brasileiro de Psicanálise Clínica - Campinas (SP).
Lentidão na aprendizagem, dificuldade de concentração, palavras escritas de forma incomum, dificuldade de soletrar e troca de letras com sons ou grafias parecidas. Esses são alguns dos sintomas da dislexia, um distúrbio de aprendizagem que atinge uma mulher para cada quatro homens, de acordo com os dados da Associação Brasileira de Dislexia.
É o caso de Nathália Louise, de 22 anos. Ao Eufêmea, ela compartilhou sua jornada de descoberta sobre a dislexia na vida adulta e os obstáculos que enfrenta diariamente. “A ficha caiu que eu tinha dislexia na vida adulta. Desde pequena sempre confundi algumas sílabas, mas os números eram ainda piores. Pensava que era falta de atenção minha na hora de escrever ou de falar algo”, conta.
A jovem destacou como a dislexia afeta seu cotidiano, especialmente quando lida com números. “Eu sei quais são os números, mas a ordem sempre é uma dificuldade. Bloqueio o cartão por digitar a senha pelo menos 2 vezes no ano, e vez ou outra tenho que trocar as senhas de e-mail e redes sociais. Eu até as Tenho anotado todos, mas acabei trocando a ordem dos dígitos”, revela.
“Não é burrice”
Ao abordar as situações desafiadoras no trabalho, Nathália apresentou experiências em que sua condição gerou mal-entendidos.
“Já ocorreram situações inconvenientes no trabalho, onde parecia que eu não sabia escrever. O que aconteceu foi que escrevi muito rápido e não estava correto; consequentemente, as pessoas tiveram que corrigir depois.”
Nathália ressalta a importância do apoio de amigos e colegas, especialmente aqueles que conhecem sua jornada desde a escola. “As minhas amigas são de longa data, desde o colégio, então são elas que sempre se colocaram à disposição para revisar as coisas que eu escrevia quando estudávamos juntas”.
Ela destaca suas estratégias para lidar com a dislexia, como evitar a digitação rápida e adotar abordagens visuais ao apresentar números. “Eu circulava quais eram os números que eu estava falando, enquanto eu falava, e apontava para eles, para entender a minha linha de raciocínio.”
A alagoana faz um apelo para compreensão no ambiente de trabalho: “Sempre aviso para chefes, quando eles são meus novos chefes, que eu tenho um problema com dislexia e discalculia , e peço para ter paciência. Não é burrice, só que realmente não consigo.”
Métodos e ferramentas
Foto: Cortesia
Aos 27 anos, a jornalista Larissa Pontes, também teve que moldar sua jornada na produção de textos e interpretação.
“A dislexia impacta muito na questão da produção de textos, na questão da interpretação também. Foram sempre coisas que eu tive muita dificuldade na minha vida, mas eu quis esse desafio para mim a partir do momento que escolhi fazer jornalismo e soube que tinha que lidar com a produção de conteúdo diária”.
Larissa descreve as dificuldades em suas leituras, muitas vezes precisando reler páginas várias vezes para compreender o conteúdo. Ela destaca a necessidade de silêncio para concentração e a dificuldade em enxergar algumas palavras, resultando em erros que podem passar despercebidos. A jornalista compartilha como o uso de um software de inteligência artificial a auxilia na correção de textos, proporcionando mais confiança em seu trabalho.
“Eu sempre tento escrever num bloquinho de notas do celular ou no papel, alguma coisa tipo assim. Às vezes não estou conseguindo começar o texto no computador, e aí eu fecho o computador e vou para o papel.”
A jornalista enfatiza a importância de um ambiente organizado para garantir sua produtividade. “Minha mesa é organizada. É muito importante anotar todas as demandas que eu tenho no bloquinho. Poder organizar minha rotina, saber o que eu vou fazer a cada dia, saber o que eu preciso fazer para entregar tal coisa”.
Larissa também compartilha os métodos e ferramentas que encontrou úteis para superar os desafios impostos pela dislexia. Desde a infância, ela passou por intervenções pedagógicas que contribuíram significativamente para o desenvolvimento de suas habilidades. “Se eu não tivesse esse trabalho profissional, eu acho que eu não teria conseguido nem metade das coisas que eu consegui já”.
“Atingiu minha autoestima ao longo dos anos”
Ao ser questionada sobre situações específicas em que a dislexia causou desafios significativos, Larissa compartilha uma experiência impactante na Associação Brasileira de Dislexia, em 2019. Larissa conta que desde a infância, sua mãe desejava levá-la à associação, mas as condições financeiras dificultavam essa oportunidade. Quando finalmente teve a chance de visitar o local, Larissa encontrou um espaço de compreensão e esclarecimento.
“Foi um momento muito significativo para mim, porque eu fui lá e eu consegui conversar com a diretora e várias coisas do que eu tinha passado, tratamentos, que alguns médicos daqui de Recife falaram, tipo, eu tinha que usar um leitor, tinha que usar um apoiador de pé, tinha que usar um óculos específico, que era horroroso, que era abaulado no rosto, várias coisas que, de uma certa forma, atingiram a minha autoestima ao longo dos meus anos”.
A jornalista ressalta como essa visita proporcionou não apenas esclarecimentos sobre tratamentos duvidosos, mas também a descoberta de métodos eficazes para lidar com sua dislexia.
Ela relata um episódio marcante relacionado à sua dificuldade em aprender inglês. “Eu já estava meio que desistindo de aprender inglês, porque eu já tinha feito uma vida toda de inglês, passei por vários cursos de inglês e eu nunca saía do básico”. No entanto, ao descobrir que havia um método adaptado para pessoas com dislexia, ela se sentiu motivada a retomar seus estudos e alcançou resultados significativos.
Obras de Graciliano Ramos serão reproduzidas livremente a partir de 1º de janeiro
Neto do autor alagoano, Ricardo Ramos Filho, discorda da comercialização sem o pagamento de direitos autorais
Por Claudio Bulgarelli - Sucursal Região Norte30/12/2023 10h30
Graciliano Ramos, escritor alagoano, é considerado um dos maiores nomes da literatura brasileira - Foto: Divulgação
O alagoano Graciliano Ramos de Oliveira, nascido em outubro de 1892, em Quebrangulo, romancista, cronista, contista, jornalista, político e memorialista, considerado um dos maiores nomes da literatura brasileira, mais conhecido por suas obras Vidas Secas e Memórias do Cárcere, e falecido em março de 1953, no Rio de Janeiro, poderá ter todas as suas obras reproduzidas a partir de 1º de janeiro de 2024, ou seja, segunda-feira, elas entrarão em domínio público. Isso significa que, do ano que vem para frente, todos os livros do autor, poderão ser reproduzidos livremente e de forma gratuita por qualquer editora. É que segundo a lei 9.610, de 1998, em seu artigo 41, os direitos patrimoniais a herdeiros duram por 70 anos depois da morte do autor.
O primeiro protesto veio do neto do escritor, Ricardo Ramos Filho, que além de conceder uma entrevista, usando também redes sociais, afirmou que concorda com a disponibilização dos livros gratuitamente, mas ressaltou que discorda da comercialização sem o pagamento de direitos autorais. Ele disse que poderia até ser menos de 70 anos se fosse para ajudar o público em geral, permitindo que qualquer pessoa possa acessar as obras. Mas ele discorda, e acredita que não tem nada a ver com o domínio público, uma editora, por exemplo, comercializar a obra e ficar com todo o direito autoral sem pagar nada para família.
Os livros de Graciliano Ramos são publicados pela Editora Record, que chegou a renovar o contrato até 2029, com o objetivo de exercer o controle das obras. No entanto, a lei, de 1998, é bem clara. Nos bastidores do universo literário já se comenta que a Companhia das Letras e outras editoras já preparam o lançamento das próprias edições de clássicos do alagoano.
Na entrevista do neto de Graciliano, ele pergunta: “No que o público se beneficia com isso? Em nada. Só tira da família. A editora vai cobrar mais barato pelo livro por causa disso? Não vai. Se alguém resolver fazer um filme sobre Graciliano, o ingresso do filme vai ser mais barato porque está em domínio público? Não”.
A legislação brasileira estabelece que a obra de um autor entra em domínio público no dia 1° de janeiro seguinte após a morte dele completar 70 anos. Isso significa que determinadas empresas ou pessoas podem perder a exclusividade sobre determinado título logo na virada do ano. Em 2024, à essa lista entram as obras de Graciliano Ramos, escritor de “Vidas Secas” (1938), o seu livro de mais prestígio.
Quando uma obra entra em domínio público, todos passam a ter acesso a ela gratuitamente. Editoras podem publicá-las sem os custos dos direitos autorais. Os diretores podem adaptá-las para o cinema sem precisar pagar royalties para o espólio do autor. Assim todas as obras poderão ser reproduzidas ou adaptadas sem a necessidade de ter uma licença específica para tal.
Câmara aprova Dia da Consciência Negra como feriado nacional
Texto vai para sanção do presidente Lula
Por Agência Brasil com Agência Câmara de Notícias30/11/2023 00h25
Serra da Barriga durante o último 20 de novembro, Dia da Consciência Negra - Foto: Edilson Omena
A Câmara dos Deputados aprovou na noite desta quarta-feira (29) o projeto de lei que torna o Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, feriado nacional. O texto já tinha sido aprovado pelo Senado e, agora, vai à sanção presidencial. Pelo projeto, a data será chamada Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.
Foram 286 votos a favor, 121 contra e duas abstenções. Atualmente, a data é feriado em seis estados - Mato Grosso, Rio de Janeiro, Alagoas, Amazonas, Amapá e São Paulo – e em mais de 1.000 cidades por meio de leis municipais e estaduais.
A data é uma homenagem a Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, morto em 1695, e símbolo de resistência contra a escravidão.
“Zumbi dos Palmares foi um homem que conseguiu manter a chama viva, ardente em nossos corações, nas nossas veias, nas nossas almas, que fez com que esse Brasil pudesse reconhecê-lo como herói da pátria brasileira. Não herói dos negros, é herói da pátria brasileira. Não é apenas um feriado qualquer, é uma história do Brasil”, disse a deputada Benedita da Silva (PT-RJ), que falou em nome da bancada governista.
A relatora Reginete Bispo (PT-RS) disse que a data servirá para aumentar os esforços de combate ao racismo e de promoção da igualdade racial. "Talvez pareça a muitos uma iniciativa menor, meramente simbólica. Mas não o é. Porque símbolos são importantes. São datas alusivas ao que o país considera mais relevante em sua história", disse.
Para os deputados contrários, a declaração de feriado prejudica setores da economia e a data deve ser estipulada por assembleias estaduais e municipais, como é atualmente. "No mês de novembro já temos muitos feriados, isso teria de ser decisão das câmaras municipais", argumentou o deputado Professor Paulo Fernando (Republicanos-DF).
Desde 2003, as escolas passaram a ser obrigadas a incluir o ensino de história e cultura afro-brasileira no currículo. Em 2011, a então presidente Dilma Rousseff oficializou o 20 de novembro como Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.
"Vitória Expressiva"
À Agência Brasil, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, celebrou a aprovação do projeto. Para ela, simboliza a importância da luta dos movimentos negros para a história do Brasil.
"É uma vitória expressiva e simbólica para o povo brasileiro. As datas comemorativas e feriados nacionais guardam e revelam valores que são importantes para uma nação, e ter o Dia da Consciência Negra uma data de luta dos movimentos negros, tendo sua vitória reconhecida, é de grande valor para a construção da memória deste país".
Os candidatos que fizeram as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) neste ano já podem consultar o gabarito oficial e os cadernos de questões. As informações estão disponíveis no portal do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Já o resultado final do Enem, com as notas de cada candidato, será divulgado no dia 16 de janeiro de 2024, conforme o edital do exame, na Página do Participante.
Quem quiser solicitar a reaplicação do Enem deverá fazer o pedido na Página do Participante até a próxima sexta-feira (17). As pessoas que faltaram por problemas logísticos ou doenças infectocontagiosas, como prevê o edital, podem pedir para fazer as provas nos dias 12 e 13 de dezembro. O mesmo vale para quem foi alocado em locais de prova com distância superior a 30 quilômetros da residência informada na inscrição.
O Exame Nacional do Ensino Médio avalia o desempenho escolar dos estudantes ao término da educação básica e é considerado a principal porta de entrada para a educação superior no Brasil, por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e de iniciativas como o Programa Universidade para Todos (Prouni). Os resultados também são utilizados como critério único ou complementar dos processos seletivos, além de servirem de parâmetro para acesso a auxílios governamentais, como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).
Davi, o primeiro atleta Down a completar uma prova de triatlon em Alagoas
Nesta reportagem, leia como o amor de uma mãe conseguiu ressignificar as limitações do filho e realizar um sonho
Por Wellington Santos | Redação
Na home page do Instagram “Amor 21”, Instituto localizado em Maceió formado por pais, familiares e amigos de pessoas com Síndrome de Down, a mensagem é direta e leva à reflexão: “Faça a diferença: enquanto a pobreza, a injustiça e a desigualdade persistirem, nenhum de nós pode realmente descansar — o amor não conta cromossomos”, diz o enunciado.
E foi exatamente com a força dessas palavras que a advogada Olivia Brito — uma das dezenas de mães associadas à instituição —, saiu da teoria à prática ao ver, semana passada, o filho caçula Davi Brito conquistar uma significativa vitória, ao se tornar o primeiro jovem com Down a completar uma prova de triatlon em Alagoas.
Davi é um jovem de apenas 19 anos, mas já enfrentou muitos obstáculos em seu caminho até chegar ao final feliz de uma competição. Vivendo sempre com as dúvidas dos outros em relação às suas capacidades, o jovem se superou e reescreveu sua história, ressignificando as limitações durante a prova que envolveu vários atletas, entre cadeirantes e com Down, na orla de Maceió.
Além da Síndrome de Down, Davi ainda nasceu com um problema severo de articulação de fonemas chamado de Apraxia de Fala na Infância (AFI), que é um tipo de transtorno motor de fala que afeta a habilidade para sequenciar os movimentos necessários para a produção dos sons.
Nesse transtorno, a criança tem ideia do que quer comunicar, mas seu cérebro falha ao planejar e programar a sequência de movimentos, de gestos motores da mandíbula, dos lábios, da língua e de outros articuladores, responsáveis por produzir os sons que formam sílabas, palavras e frases. Por esta razão, não temos uma frase de Davi nesta reportagem, mas compartilhamos de sua alegria, principalmente no olhar terno entre mãe e filho durante a produção desta matéria.
“Foi um sonho antigo realizado, porque sempre quis que ele participasse dessa prova. Eu queria que ele participasse exatamente com essa galera, porque em todos os eventos abrem um espaço para a inclusão”, completa Olivia, mãe de Davi
Olívia e o filho Davi com medalhas conquistadas em várias competições: uma parceria que é exemplo de vida e de amor incondicional (Foto: Adailson Calheiros)
A mãe de Davi, cuja família sempre foi ligada ao esporte (Olivia chegou a jogar basquete pelo CRB), foi fundamental nesse passo do filho desde tenra idade, sempre o estimulando para ter a sua vida o mais independente possível.
Durante a prova, o triatleta foi acompanhado por um ente que Olivia chama de “anjo” na vida dele e da família e que deu suporte e assistência, Bruno Albuquerque. O genro é namorado da filha mais velha de Olívia, Amanda, também esportista e praticante de triatlon. Júlia, a gêmea de Davi, também é atleta.
A prova de Davi envolveu três etapas. Ele participou com o mini Sprint, que é uma categoria para iniciantes, não só para deficientes. Começou com a prova de 400 metros no mar, depois pegou uma bike e rodou 10 km e, na sequência, correu e andou 2 Km. “A gente fez um treino com ele e nada muito bem, mas em piscina. Pode parecer coisa de mãe, mas achei surpreendente porque ele terminou e só fez apenas dois treinos no mar”, conta Olivia.
Davi cruza a linha de chegada do triatlon e se torna o primeiro alagoano com Síndrome de Down a completar a prova (Foto: Foco Radical / Divulgação)
“Foi um sonho antigo realizado, porque sempre quis que ele participasse dessa prova. Eu queria que ele participasse exatamente com essa galera, porque em todos os eventos abrem um espaço para a inclusão”, completa Olívia.
Dessa forma, Davi — embora não tivesse sido proclamado “campeão” do triatlon — foi o primeiro triatleta Down alagoano a completar a prova. “Então isso para mim, a família e os amigos, bem como a torcida presente ao evento, foi como a conquista de um campeonato, pela simbologia que a mensagem dele leva, que é possível vencer dentro das limitações”, destaca a mãe de Davi.
Davi com as irmãs Amanda e Júlia no dia do feito histórico (Foto: Foco Radical / Divulgação)
No triatlon, em provas para atletas não deficientes, as categorias são a mini sprint: 750 metros de natação; 20 km de ciclismo e 5 km de corrida.
A alegria da família só não foi completa no dia do evento porque o professor e técnico das irmãs de Davi, Pedro Sérgio Reis, sofreu um infarto e foi internado às pressas. Atualmente, Reis se encontra ainda sob os cuidados médicos.
Amor 21 - uma prática de inclusão
A instituição Amor 21 conta com cerca de 200 famílias associadas, tendo como objetivos: promover ações na área de educação, saúde, esporte, cultura e lazer, além de informar à sociedade sobre as potencialidades das pessoas com Síndrome de Down, defendendo a inclusão efetiva, ampla, geral e irrestrita dessas pessoas em todos os segmentos da sociedade, promovendo a garantia de seus direitos, de acordo com a Constituição Federal de 2008. A síndrome de Down (SD) ou trissomia do cromossomo 21 é uma alteração genética produzida pela presença de um cromossomo a mais, o par 21. Isso quer dizer que as pessoas com síndrome de Down têm 47 cromossomos em suas células em vez de 46, como a maior parte da população. A primeira descrição clínica dos sinais característicos da pessoa com SD ocorreu em 1866. O termo “síndrome” significa um conjunto de sinais e sintomas observáveis e “Down” designa o sobrenome do médico pediatra inglês John Langdon Down, que realizou a primeira descrição da SD.
Problemas de articulação, sobrevivência e sustos, a vida dura do pequeno campeão
As dificuldades e os desafios da vida do jovem Davi começaram ainda em tenra idade, na infância. O menino que fez pose com as medalhas conquistadas ao longo a vida e cumprimentava os jornalistas durante todo tempo com um sorriso no rosto enquanto o repórter fotográfico Adailson Calheiros escolhia o melhor ângulo para essa reportagem, deu seus primeiros passos no esporte com apenas 4 anos de vida. E já foi superando algo que poderia ser um primeiro trauma para ele e para a família.
Olivia coloca medalha em Davi (Foto: Adailson Calheiros)
“O início da vida dele entrou logo a natação e foi como uma questão de sobrevivência. Quando fui morar em uma casa no condomínio Aldebaran, tinha acabado de morrer um garotinho afogado na piscina de casa. Ou seja, algo já nos alertou que o perigo já estava logo ali, né? Você já pensa: ‘poxa, o inimigo tá ali, morando perto de você. Então, a gente chamou um professor e introduziu a natação ainda bebê, ele e a irmãzinha Júlia. E os dois pequenininhos fizeram aquelas técnicas de sobrevivência para a borda a tal ponto que foi melhorando nadar, embora ele tivesse uma limitação, que era não bater bem os braços”, conta Olívia.
Davi, o menino de coração generoso e sociável...
Certa vez, numa competição de jiu-jitsu na escola, Davi surpreendeu a todos. A turma do gargarejo, amigos de Davi, gritavam palavras de ordem da arquibancada, no momento crucial da luta: “Raspa! Raspa! Raspa! (gritavam numa espécie de gíria nesse esporte). Davi entendeu a gíria e o incentivo e olhou para os meninos ‘jogarem’ com ele. Botou o adversário de costas e venceu o desafio. E já no pódio, surpreendentemente, Davi promoveu o famoso fair play, porque antes mesmo de comemorar com a torcida, sem ninguém o orientar, foi lá e abraçou o adversário que ele tinha colocado minutos antes de costas, mostrando empatia e generosidade.
O campeão da vida e seu troféu conquistado no triatlon (Foto: Cortesia)
Em outra ocasião, a irmã mais velha, Amanda, o levou ao centro espírita onde ela exerce sua fé e fez questão de apresentar o mano aos colegas de instituição. Davi não só foi muito bem acolhido pelos colegas de Amanda, como ofertou largos sorrisos a quem o abraçava, demonstrando sociabilidade e retribuindo os afagos daqueles desconhecidos de seu círculo.
A mensagem de uma mãe a outras mães e pais
Na troca de olhares entre mãe e filho, Olívia é desafiada a deixar uma mensagem a outros pais e mães que têm filhos com limitações. “Nunca duvidem da capacidade de seus filhos deficientes, nunca! Eles são capazes de nos surpreender, eles podem ir longe, apostem neles, nunca desistam, persistam!”, incentiva. “É preciso ter coragem para aceitar como uma missão mesmo e isso trará uma paz tremenda para um pai ou a mãe, porque você lida melhor com tudo aquilo. Quando se fala e se mostra a limitação, você diminui o peso do preconceito. Você começar a lidar com isso de forma leve. Isso eu não posso mudar e isso veio para mim e só me resta aceitar. Claro que não foi sempre assim. Eu disse na maternidade quando recebi o diagnóstico: é um filho que você não esperou”, relata Olívia. E completa:
“Quando a família, os amigos, aceitam e falam sobre a deficiência sobre a limitação, o outro encara isso com mais facilidade, porque é assim que se derrubam as barreiras do preconceito: Tem uma família aqui que eu não vou dizer o nome que, na década de 70, escondeu o filho porque nasceu assim. Ele não saía, ele vivia trancado em casa. Convivendo com crianças ou com pessoas típicas, elas têm chance de desenvolver, perceber como as coisas funcionam e as coisas funcionam. Derrubar barreiras é falar sobre limitação. Você tem que mostrar que as coisas podem acontecer, tem que mostrar que a vida pode voltar a ser normal. Todos nós somos iguais e, por isso mesmo devemos ser tratados na medida da nossa desigualdade. Então o Davi, na prova, foi tratado na vida da desigualdade dele, com um anjo, que foi lá e ajudou ele a calçar o sapato, botou a touca para ele nadar, andar e correr”, diz a mãe do campeão da vida.
Olivia manda mensagem a pais com filhos que têm limitações: "Acreditem em seus filhos, eles surpreendem!" (Foto: Adailson Calheiros)
Este título nos remete a um ditado popular bastante expressivo e que nos faz meditar sobre um dos problemas que considero dos mais angustiantes para o progresso pessoal e para o desenvolvimento do país. As pessoas, de um modo geral se acostumaram a sempre deixar para depois soluções das mais importantes para as suas próprias vidas. Eu me acostumei da sempre pregar que “não deixo para amanhã o que posso fazer anteontem”. Dizem alguns que o “apressado come cru” e que as coisas feitas com calma trazem uma possibilidade maior de acerto. Não acho. O que penso é que se pode agilizar organizadamente, com planejamento e aí, sim, tudo tende a dar certo e a não acumular problemas. O acúmulo é que leva à imperfeição ou à necessidade de voltar ao ponto de partida para corrigir os erros da pressa não construída.
No serviço público, principalmente, as pessoas, nem todas, deixam que as coisas não aconteçam à sua volta, que a morosidade faça parte da função e aí os resultados são desastrosos. Evidentemente que não estou falando com generalidade porque existem gestores e gestores. Os que se esmeram em equilibrar as ações e os que deixam para lá o que já encontraram atrasado. E com isto geram mais atrasos, mais desequilíbrios e o resultado é o que se espera com negativismo por todos os lados. A questão, por exemplo das inundações, as pessoas deixam para hora em que elas acontecem para realizar ações que poderiam e deveriam ser feitas preventivamente possivelmente evitando uma boa parte do transtorno populacional. Os grandes edifícios, sobretudo os mais antigos, não possuem escadas de incêndio e podem ser atingidos por tragédias incalculáveis com perdas de vidas e bens materiais. Mas pouca gente se incomoda em fazer os reparos ou os acréscimos necessários. Outra coisa são os hidrantes nas ruas e que nunca ou quase nunca têm água. Vejam , também por exemplo, o enorme número de ruas nas cidades que não têm pavimentação e nem conservação que, por conta disto, da lama, do lixo e de tudo o mais acabam por serem condutores de doenças as mais diversas no seio da população. Se formos nos aprofundar em tudo o que foi deixado para o amanhã não poderemos parar por aqui. Escreveremos um livro, talvez profundamente cansativo por observar o descaso provocado pelo “depois eu vejo” e pelo “me fala amanhã”. Essas são as frases do atraso, da burocratização, dos desmandos, do aproveitamento para si próprios ao invés de se pensar no bem comum.
Produtividade é o que o Brasil precisa. E isto não se constrói com preguiça ou com atrasos. O nome está dizendo que, para se fazer um país bom é preciso fazê-lo produzir. E muito. Os economistas de plantão sabem muito bem do que estou falando e da importância da produtividade para a estabilização da economia de um país. As atitudes que devam ser tomadas por este ou aquele dirigente são importantes de per si e mais ainda quando fazem parte de um conglomerado de ações que podem estabelecer os rumos da economia de um município, de um estado, de todo um Brasil. Talvez falte a determinados gestores o nível de importância de cada trabalho, de cada gesto, de cada ação para que se construa o senso da coletividade. Da união de todos em favor de todos. Não pode existir o favorecimento aqui ou acolá, mas o objetivo que acabe sendo a meta de todos.
Mas isso tudo acima se constrói com educação de cada um de nós. Com o auto respeito, fundamental para que todos se respeitem uns aos outros. Hora certa é hora certa. Missão é missão. E tudo entrelaçado cria o senso de responsabilidade coletiva de que tanto precisamos. A ocupação de cargos de relevância deve ser construtiva no sentido de realização e não de acomodação.
Sonhar é gratuito. Foi oque fizemos aqui. Falar enquanto podemos, enquanto somos ouvidos ou não. Sem o intuito de mudar nada, mas sempre o de deixar uma sementinha na cabeça de cada leitor. O faço agora porque realmente aprendi a não “empurrar com a barriga” e nem “deixar para amanhã o que poderia ter feito anteontem”.
FOTONOTAS
INÁCIO LOYOLA – Inácio é uma daquelas figuras que lhe conquistam rapidamente. Primeiro por sua esbanjada simpatia e em seguida pela sua competência em tudo o que faz profissionalmente, Além de ser um deputado estadual de relevância e altamente respeitado, Inácio é um historiador de mancheia e quando se dispõe a relatar fatos de nossa história é absolutamente competente e imbatível. Ando com saudades de levá-lo ao Bartpapo, o que sempre é um enriquecimento para o programa e para os que o assistem. Me orgulho de ser seu amigo.
EDÉCIO LOPES – Não poderia deixar de homenagear postumamente quem estará em lugar de destaque em minha estante como “Comenda Edécio Lopes”. Conheci e muito me orgulho daquele conhecimento, daqueles papos, às vezes entre um programa e outro na Difusora de excelentes manhãs. E lamento que seu tempo tenha se esgotado tão rapidamente. No entanto, sua imagem, sua personalidade aí estão em nossas lembranças e no contato que sempre tenho com seu filho Dinho Lopes, um eterno divulgador de sua memória. A partir da Comenda, Edécio você também está eternizado em minhas memórias.
PARE PRA PENSAR (do meu livro do mesmo nome)
A vida é indiscutivelmente a melhor discussão. Discutir a vida nos leva à luz e à razão.
ALERTAS DO DIA
* O mundo deveria ter certeza de que um dia a coisa aconteceria. Que coisa? Essa fantástica, no mau sentido, revolução climática que abala o mundo. Essa terrível mudança que, agora parece mais acelerada do que nunca. As geleiras nos polos derretendo e provocando aumento do nível dos oceanos, a poluição cada vez maior do ar provocando um aquecimento global poderoso e com isso extrapolando as temperaturas em todo o mundo que vê um imenso calor chegar antes do verão, chuvas incríveis inundando cidades, enfim, o que se previa mas se continha chegou!
* Independente das reações climáticas que já chegaram e que não podemos conter o que podemos fazer é tentar minimizar os seus efeitos com ações antecipadas, em relação sobretudo às chuvas intensas. Os desentupimentos das galerias pluviais, por exemplo, será obra do homem, mas que é de enorme importância. A contenção de barreiras é outra coisa que o homem pode agilizar. O que não se pode mais permitir é que antecipações de providências não sejam realizadas e todos nós à espera da catástrofe para chorar sobre o leite derramado, Ou melhor, sobre os leitos dos rios derramados.
* O período natalino se aproxima, as pessoas já estão agitadas pensando em presentes e festas e as promoções pra valer pode-se dizer que começa exatamente hoje porque será realizada a famosa “Black Friday”. Acho interessante que isso aconteça perto do final de ano porque ajuda as famílias a se organizarem em relação às lembranças de Natal, aliás cada vez mais escassas, claro! No entanto, chamo sempre a atenção dos incautos para esses encantos de certas liquidações que matematicamente não perdem. Gradativamente vão subindo seus preços finais e quando chega a hora dão o ilusório desconto. Cuidado, gente!
* Próxima segunda-feira, 27 receberei a honrosa “Comenda Edécio Lopes” que foi proposta pelo vereador Valmir Gomes e aprovada por unanimidade na Câmara Municipal de Maceió. Infelizmente e já programado anteriormente, no mesmo horário embarco para Fortaleza a fim de participar do Congresso Internacional dos Tribunais de Contas, Serei representado pelo meu filho mais novo, João Marcelo Câmara. Na volta agradecerei pessoalmente a homenagem que vem com o nome do saudoso Edécio, o que, sinceramente muito me envaidece. Seu filho Dinho Lopes deverá estar presente.
POR AÍ AFORA
# O país, irmão e vizinho, Argentina, nossa adversária só no futebol, acaba de eleger um novo presidente cheio de ideias que ainda não sabemos, se boas ou se para aumentar mais o sofrimento daquele povo que não aguenta a pobreza, a altíssima inflação e os horrores de maus governos anteriores. A distância entre o inteligente e o louco acaba sendo pequena e nos dificulta terrivelmente a análise para saber o que serão as consequências de seu governo. O fato é que, em meio a todos os problemas que vivem os argentinos, a esperança pode acabar por ser vitoriosa. Quem sabe?
# Dizem que determinadas coisas precisam realmente de uma revolução, às vezes até ética ou inteiramente contrária às teses chamadas de oficiais. O presidente eleito Melei, desde a campanha vem dizendo que vai acabar com o Banco Central, que vai dolarizar a economia, que vai vender a empresa estatal de petróleo e tantas outras coisas que podem parecer radicais e o são. Acho que o presidente argentino deveria tomar umas aulas com o competente e ainda sábio Fernando Henrique Cardoso e se basear no Plano Real para salvar a economia daquele país.
# O que ele Melei não pode é tentar tomar atitudes muito radicais, como por exemplo, interferir no Mercosul e desejando acabar com essa instituição poderosa na América do Sul. Além de existirem parceiros que não vão concordar existe o fato de que é um fórum de discussões importantíssimo até para uma integração mundial. Por outro lado, sem o Mercosul todo o sistema de importações e exportações dos países componentes acaba por ficar comprometido e o conceito de proximidade e de coletividade internacional sofreria como um todo.
ATÉ A PRÓXIMA
Amanhã, sábado é dia de “BARTPAPO com Geraldo Câmara”. Na BAND, canal 38.1 aberto, NET CLARO, canais 18 e 518, BRISANETE, canal 14, VIVO, canal 519, das 9 às 10h da manhã. Em Arapiraca, 45.1 e OOPS 10. Assista também pelo Youtube no canal “Programas do Geraldo Câmara”. Fale conosco pelo Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. ou pelo Whats’App 82 99977-4399
Muita alegria tive em visitar a Rádio onde eu tinha um programa chamado “Santana, Terra da Gente”. Era um programa informativo com base musical de Luiz Gonzaga. Fui encontra ali o apresentador Ginaldo, ex-colega da rádio que continua como profissional, respeitadíssimo. Íamos falar sobre o livro que continuo escrevendo “100 Milagres Nordestinos”, atribuídos ao padre Cícero Romão Batista, inéditos. A gentileza do apresentador Ginaldo, fez com que o diálogo ficasse mais fácil entre nós, saindo uma gama de informações para o público ouvinte. A Rádio Cidade progrediu, comprou sede própria e hoje funciona na Rua Joaquim Ferreira, onde fala para Alagoas e para o mundo como diz seu apresentador.
Difícil é sustentar um único tema, em uma entrevista em que o entrevistador quer perguntar e o entrevistado quer responder. Assim, fomos variando do núcleo do tema para a periferia, enriquecendo os nossos conhecimentos e espalhando o aprendizado pelas mais diferentes regiões de boa parte das Alagoas. Ficou acertado no ar, a divulgação das minhas crônicas diárias, na própria “Rádio Cidade”. Crônicas essas que estão próximas ao número simbólico 3.000, distribuídas nos sites “Santana Oxente” e no “Blog do mendesemendes”, Face e em nosso blog. Crônica oral somente há muito na “Rádio Correio do Sertão” quando o apresentador Edilson Costa lia a nossa crônica diariamente com o título “Crônica do Meio-dia”.
Vou ver se vai dar certo, gravar as minhas crônicas diárias com a minha voz e enviá-las para a Rádio Cidade, todos os dias úteis a partir da próxima segunda. Avisar também que hoje, quinta-feira, termos podcast, no site AlagoasNanet, com o Lucas Campos, iniciando às 20 horas. Esteja esperto. Virei menino, ao ser convidado para sempre aparecer na citada Rádio e falarmos sobre os mais diversos temas, sempre visando tudo que envolve a nossa cidade. Portanto, fica aqui os nossos agradecimentos, meus e de minha esposa, professora Irene Ferreira das Chagas que esteve presente me dando força, como sempre. Outra satisfação foi saber e constatar que a Rádio Cidade, continua no Bairro Camoxinga, aumentou o seu alcance hoje sua sede própria é bem agradável, como pude constatar. Quero sim, voltar mais vezes ao lugar onde me sinto em casa. Era aviso de 10 minutos, passou a ser entrevista de 2 horas e nem sentimos o tempo passar.
PRÉDIO ONDE FUNCIONOU A RÁDIO CIDADE (FOTO B. CHAGAS/LIVRO 230).
“O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia/ Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia/ Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia. Fernando Pessoa [1888-1935]. Recorro ao poeta lusitano, logo assim no início da nossa crônica semanal, pra enaltecer o tema de hoje: As coisas que, por mais que a gente viaje mundo à fora, só vamos encontrar na nossa terra natal.
Tudo começou por uma matéria que vimos aqui nas redes sociais que citava: “Dez Coisas que Até Podemos Encontrar Em Outros Locais, porém que seriam, Exclusividades do Brasil: 1 – FEIJÃO COM ARROZ, E FEIJOADA; 2- CHUVEIRO ELÉTRICO; 3- AUTENTICAÇÃO DE XEROX; 4- A PALAVRA SAUDADE; 5- AXÉ, PAGODE, SERTANEJO; 6- TOMADA ELÉTRICA DE TRÊS PINOS; 7- DESCARTE DE PAPEL HIGIÊNICO EM LIXEIROS; 8- BRIGADEIRO; 9- CAIPIRINHA; 10- COXINHA E PÃO DE QUEIJO. Fonte: mundocurioso.com.br”
Pegando gancho nessa deixa, regionalizamos o tema. Santana do Ipanema, cidade encravada no médio sertão alagoano, de clima semi-árido; com cerca de 200 metros de altitude, cuja vegetação nativa predominante é a caatinga. Eu diria que minha terra natal tem de exclusivamente sua: 1- A Serra da Microondas; 2- A Ponte do Padre; 3- A Capela de Senhora Assunção; 4- A igreja das Tocaias; 5- O Cemitério Santa Sofia e o Barroso; 6- O Alta da Fé, o Alto do Cruzeiro e o Monumento ao Jumento; 7- O Folião Ivaldo Cui-ui-ui; 8- “Calhambeque” o mais antigo Office-boy [entregador] ainda vivo; 9- O artesão Roninha; 10- Silvano Gabriel, artista mambembe, negro, poeta, escritor, membro da ASLCA – Academia Santanense de Letras Ciências e Artes.
Claro, qualquer um que tente fazer uma lista dessas acaba cometendo um grande desatino, ao resumir em apenas 10 itens, tudo o que de mais autêntico exista numa localidade. Sabemos que nossa querida Santana é bem mais que isso. Também somos Breno Aciolly, somos Clerisvaldo B Chagas, e Djalma de Melo Carvalho; somos o hino de nossa cidade criado pelo poeta Remy Bastos; somos o padre Bulhões e o padre Cirilo; somos Valdo Santana, Agnaldo Santana, Miguel Lopes, Os Naturais; somos Givaldo Campos cantando o hino a Senhora Santana, todos os anos na procissão de nossa padroeira, somos a procissão dos Carros de Boi, a procissão de São Cristovão; somos a Festa da Juventude, somos a rua Delmiro, o Maracanã; a rua da Poeira, a rua do Velame, a rua de São Pedro, a Maniçoba, o Bebedouro, o Tênis Club santanense, O Ipanema Atlético Clube e a Associação Atlética Ipiranga, a rua da Praia e a Barragem; somos o por do sol na represa Isnaldo Bulhões; somos o Pastoril da “Meninas da Melhor Idade”; somos Goretti Brandão e Lucinha Nobre, e as saudosas “dama do teatro” Albertina Agra , e a escritora Maria do Socorro Ricardo Almeida; somos Seu Liô e somos “Major”, somos Zé Negão e o bloco Arrastão, e o bloco dos Cangaceiros; somos Mirindão, Zabé Brincão, Zé Doidinho, Corina e Poni; somos Zuza fogueteiro, Seu Moreninho, Seu Aleixo, Seu Zeca Ricardo e Alberto Agra, somos o grupo Padre Francisco Correia de Dona Marinita, O GEOBA; somos a rádio Candeeiro, a Correio do Sertão e a Santana FM; o bloco Pau D’arco, Zé Sapo, somos Adeildo Nepomuceno; Seu Nozinho e Reginaldo Falcão, somos o Museu Darras Nóya, somos o radialista Chico Soares, Chico Santos e Fernando Valões, somos o poeta repentista Zé de Almeida. Somos o rio Ipanema, o riacho do Bode e o riacho Camoxinga.
Vi num site da internet um mapa múndi dos idiomas mais falados do mundo. Entre os dez idiomas mais falados do mundo estão: o Inglês com cerca de 1,2 bilhão de falantes no mundo inteiro; o Chinês Mandarim falado por 1,1 bilhão de falantes, é o oficial da China; o Hindi com 637 Milhões de falantes, é o oficial da Índia e um dos Reino Unido; o Espanhol com 538 Milhões de falante, sendo o oficial de 21 países, inclusive da América Latina; o Francês com 277 Milhões de falantes; o Português ocupa a 9ª posição num hanking de 10, com 252 Milhões de falantes distribuídos em nove países: Angola, Moçambique, Guiné Bissau, Timor Leste, Guiné Equatorial, Macau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Brasil.
UM POUCO DE HUMOR PRA ENCERRAR
-TEVE UM TEMPO EM MINHA VIDA QUE TODA MULHER QUERIA ME PEGAR!
-E QUANDO FOI ISSO?
-QUANDO EU ERA RECÉM NASCIDO.
VOCÊ FICA COM TODO MUNDO!
-E DAÍ, EU SOU SOLTEIRA!
-MAS ISSO É FEIO.
-FEIO É VOCÊ! POR ISSO NÃO FICO CONTIGO.
-JOÃOZINHO POR QUE FALTOU A AULA ONTEM?
PORQUE MEU TIO MORREU…
-MORREU DE QUE?
-DE LATINHA!
-COMO ASSIM?…
ELE FOI TOMAR BANHO NO RIO, PENSOU QUE NÃO TINHA JACARÉ. SÓ QUE LÁ TINHA!
DOIS LITROS DE LEITE FORAM ATRAVESSAR A RUA. E FORAM ATROPELADOS. UM MORREU E O OUTRO NÃO. POR QUE?
-?
-PORQUE ERA LONGA VIDA!
Pesquisa da Ufal identifica pela primeira vez regiões áridas no Nordeste brasileiro
Professor da universidade alerta que essas regiões causam redução de chuvas
Por Catarina Buriti / Lapis/Ufal22/11/2023 17h40
Professor Humberto Barbosa discutindo o mapeamento da desertificação - Foto: Ascom Ufal
O processo de desertificação no Semiárido brasileiro está mais grave. Uma pesquisa inédita publicada recentemente identificou, pela primeira vez, que áreas áridas severamente degradadas já provocam redução das chuvas na região. Foi o que mostrou o meteorologista Humberto Barbosa, cientista fundador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e responsável pelo estudo.
Usando dados de satélite, o estudo do professor Humberto Barbosa permitiu identificar que houve aumento da radiação de onda longa e redução das nuvens, em áreas áridas severamente degradadas no Semiárido brasileiro. Por consequência, houve diminuição das chuvas e aumento da aridez em alguns municípios da região.
“Isso demonstra a ausência de chuvas, em paralelo ao aumento das temperaturas. A tendência é de a região se tornar árida, como já está acontecendo. É uma informação alarmante nesse cenário de retomada das políticas para conter o processo de desertificação”, explica Humberto.
Os resultados sugerem que algumas áreas da região estão particularmente susceptíveis a processos de desertificação. Esse processo é impulsionado pelas secas recentes e pelas perturbações acumuladas ao longo do tempo, decorrentes de impactos humanos e das mudanças no uso da terra.
O diferencial do mapeamento é ter utilizado uma metodologia que permite comparar a relação entre a atividade da vegetação e da atmosfera. Com os dados do satélite Meteosat, de alta frequência temporal, foi possível analisar a troca de energia entre a superfície e a atmosfera, percebendo que, em alguns locais muito secos e degradados, a vegetação não responde mais aos fatores climáticos.
“Identificamos um processo no qual a ação humana de degradação, associada às adversidades climáticas, perturbam a vegetação em um nível de gravidade que ela não mais apresenta condições de se recuperar, mesmo que ocorram chuvas suficientes”, ressalta o meteorologista.
No período de 2004-2022, a pesquisa analisou, na superfície, a resposta da vegetação às secas, levando em conta a umidade do solo e a temperatura. Em seguida, essas áreas foram comparadas com o balanço de energia da atmosfera, olhando o indicador de onda curta (albedo) e o indicador da radiação de onda longa (chuva).
Imagens de satélite sugerem redução nas nuvens de chuva e aumento das temperaturas no Nordeste (áreas em laranja) (Imagem: Divulgação)
As análises foram feitas a partir de índices de vegetação, precipitação, umidade do solo e temperatura, baseados em dados de satélites. No topo da atmosfera, foi analisado o sinal de satélite que estima a energia em regiões específicas (albedo), e o balanço da radiação de ondas curtas.
Os mapas processados com dezoito anos de dados do satélite Meteosat-11 mostram o resultado do estudo do Laboratório Lapis. Confira no anexo que do lado esquerdo, a imagem mostra a tendência de redução das nuvens, principalmente na área central do Nordeste, onde já existem áreas áridas. Já do lado direito, a imagem destaca a tendência de aumento das temperaturas. No círculo em azul, na imagem "a", destacam-se os locais onde foi identificada a relação direta da redução das nuvens com as áreas severamente degradadas ou áridas, já existentes no Semiárido brasileiro.
“O que a gente percebeu é que na região central do Semiárido, exatamente nas regiões já classificadas como áridas, há uma tendência de redução das nuvens. Redução das nuvens, cientificamente ou do ponto de vista meteorológico, é a redução da capacidade de chuvas na região. Se eu falar isso para qualquer sertanejo, nenhuma novidade, eles já percebem. Em compensação, a gente percebe o aumento das temperaturas", detalha Humberto.
Esses mapas mostram uma tendência que estatisticamente tem relevância, de significativa redução nas nuvens de chuvas. “Isso é preocupante porque já temos no Brasil as três categorias de terras secas da UNCCD [Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação]: áreas áridas, subúmidas secas e as áreas semiáridas se expandindo. É o caso de novos municípios do Maranhão, que passaram a fazer parte do Semiárido brasileiro”, completa o meteorologista.
Avanço científico e detecção de regiões áridas
O estudo publicado recentemente, pelo pesquisador Humberto Barbosa, propiciou avanços no estudo das terras secas no Brasil. Desta vez, identificou-se que as áreas áridas que já existem no Nordeste brasileiro, conforme Atlas da Unesco (2010), estão influenciando na redução de nuvens de chuva na região. Essa avaliação foi possível por estudar as terras secas não apenas do ponto de vista meteorológico, mas também do ponto de vista da sua interação com o ambiente (das informações de degradação da superfície).
Essa análise permitiu reclassificar o mapa da desertificação no Nordeste brasileiro, incluindo agora a categoria de "regiões áridas", a partir da análise da aridez atmosférica, da condição da cobertura vegetal e dos solos severamente degradados.
Assim, diferentemente do mapeamento das áreas áridas feito pela Unesco, a nova pesquisa apresenta análises mais abrangentes. Ao integrar diferentes metodologias, permitiu analisar as condições das terras secas e sua interação com a atmosfera.
Áreas áridas (Imagem: Divulgação)
"A nova metodologia do Laboratório Lapis possibilitou identificar como áreas áridas já existentes no Nordeste brasileiro, em terras severamente degradadas, têm influenciado na redução das nuvens de chuva. Com isso, a degradação severa das terras já é um processo que retroalimenta a tendência de aumento da aridez atmosférica e de expansão das áreas áridas na região", explica Humberto.
A partir desse estudo, o Laboratório Lapis gerou um mapeamento atualizado da desertificação no Semiárido brasileiro, com destaque para a inclusão da categoria de áreas áridas na região. A nova metodologia utilizada está alinhada às análises mais avançadas do IPCC e da UNCCD. Essas agências intergovernamentais consideram a definição de terras secas principalmente a partir da condição da cobertura vegetal. Em 1975, Charney já chamava atenção para isso, em estudos sobre seca e desertificação no Sahel, na África.
“As análises e os índices foram feitos com base em dados robustos, obtidos por satélite. Essa metodologia abrangente permitiu analisar a interação entre dados da atmosfera e da superfície - solos, umidade, vegetação e temperatura -, estabelecendo a interação entre a condição ecológica dessas áreas degradadas e a resposta da atmosfera. Consequentemente, houve diminuição das chuvas, desencadeando o surgimento da aridez”, completa Humberto.
Secas repentinas aumentam tendência de expansão das áreas áridas no Nordeste
A pesquisa concluiu que a superfície severamente degradada já influencia na diminuição das nuvens de chuva, nas áreas áridas e semiáridas da região. E um fator agravante é que as secas aumentam a degradação das terras, sendo todo esse processo agravado pela mudança climática. "As secas têm agravado a degradação da cobertura vegetal na região e essa é uma questão preocupante no processo. E não apenas as grandes secas convencionais, como ocorreu no período 2011-2017, mas também as chamadas secas repentinas”, explica Humberto.
No estudo, o pesquisador analisou pela primeira vez as características dessa categoria especial de "seca repentina" (flash droughts), no Semiárido brasileiro, que costuma ocorrer durante o verão. Com início rápido e forte intensidade, esses extremos de seca e altas temperaturas duram apenas alguns dias ou semanas. O efeito combinado da redução na cobertura vegetal e do aumento das temperaturas, durante as secas, piora ainda mais a condição de aridez na região.
No período 2004-2022, analisado na pesquisa, esses eventos extremos de seca exerceram impactos dramáticos nos ecossistemas áridos e semiáridos do Nordeste, com redução na quantidade de água no solo e aumento da degradação da cobertura vegetal. A análise da cobertura vegetal foi feita com base no Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI), usando dados diários de satélite.
Acontece que a diminuição das nuvens de chuva coincide exatamente com os locais com cobertura vegetal severamente degradada, culminando em uma situação de aridez atmosférica. Com essa evidência, Humberto gerou um novo mapeamento da desertificação no Semiárido brasileiro, desta vez incluindo uma nova categoria: áreas áridas (desertificação e degradação).
Novo mapeamento da desertificação inclui áreas áridas no Nordeste (Imagem: Divulgação)
No último mapeamento da desertificação no Semiárido, feito pelo Laboratório Lapis em 2016, a categoria "áreas áridas" ainda não havia sido considerada na classificação. Nessas áreas agora identificadas como áridas, já desertificadas pelo elevado nível de degradação das suas terras, observou-se, nos dados do satélite Meteosat-11, tendência de redução na radiação de onda curta e de aumento na radiação de onda longa (emitida da superfície para o espaço).
Esses resultados sugerem que a degradação ambiental ora em curso, nas áreas áridas e semiáridas do Nordeste do Brasil, já diminui a formação de nuvens e as chuvas. A umidade atmosférica é capaz de absorver a radiação de onda longa, chamada tecnicamente de infravermelha. Cada intensidade de radiação infravermelha é associada a uma temperatura. Assim, dados derivados de satélites permitem identificar as diferentes camadas de nuvens, a chuva e o solo.
“Quando o ar está muito seco, poucas nuvens se formam. Por isso, mais radiação infravermelha consegue chegar aos sensores dos satélites que estão no espaço, ao redor da Terra. É como se o ar seco deixasse a atmosfera mais transparente e, assim, os sensores conseguem "ver" a superfície com mais nitidez. A redução nas nuvens diminui ainda mais as chuvas no Semiárido, acarretando em uma situação dramática de aridez atmosférica”, concluiu Humberto.
Campus da Uneal suspende aulas e atividades, alegando corte orçamentário pelo Governo de AL: “Sem materiais de limpeza e higiene”
08/11/2023 11:09 - Vanessa Alencar
Por Vanessa Alencar
(Atualizada 19h50)
O Conselho do Campus Zumbi dos Palmares da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), localizado em União dos Palmares, suspendeu as aulas e todas as atividades da unidade a partir desta quarta-feira (8).
Um comunicado publicado nas redes sociais do Campus informa que a suspensão ocorre “devido ao corte orçamentário imposto pelo Governo do Estado”.
Conforme a nota, o campus está sem recursos para a compra de produtos e para o pagamento de serviços e “sem materiais de limpeza e higiene, tornando os ambientes insalubres”.
O comunicado cita ainda a que a ausência de concursos para técnicos e professores também tem dificultado e impedido a graduação dos discentes.
Uma nova reunião está marcada para a próxima segunda-feira, 13 de novembro, para deliberação sobre as próximas ações.
O blog entrou em contato com a Uneal, por meio de sua assessoria de Comunicação, e aguarda retorno sobre o assunto.
Pagamento realizado
Hoje à noite a assessoria da Uneal enviou a seguinte nota:
A Universidade Estadual de Alagoas informa que o Governo de Alagoas efetuou nesta quarta-feira o pagamento dos recursos de custeio.
A Uneal reforça que não houve cortes no orçamento e que vai negociar com o Conselho Universitário para que as atividades sejam retomadas. E, nesta quinta-feira (09), os recursos para custeio serão disponibilizados para os 6 campi da universidade.
Pesquisa da Ufal busca descobrir como o estresse afeta a vida das pessoas
Estudo é conduzido por Elisabelle Agostinho e Júlio Cezar, mestrandos em Psicologia
Por Deriky Pereira / Ascom Ufal18/12/2023 19h43
Júlio Cezar e Elisabelle Agostinho - Foto: Ascom Ufal
Você já parou para pensar em quantas vezes se estressa durante o dia? Algumas pessoas que estão aqui podem dizer: muitas, com certeza. Mas e as consequências disso para sua vida? É o que um estudo realizado por dois mestrandos de Psicologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Elisabelle Agostinho e Júlio Cezar Albuquerque, querem descobrir. Para isso, convidam você a responder um breve questionário.
“O objetivo desta pesquisa é de investigar os níveis de estresse acadêmico e mal-estar psicológico de estudantes de graduação, pós-graduação, docentes e técnicos e técnicas administrativos da Ufal. Sendo assim, espera-se que essa pesquisa propicie achados interessantes sobre a associação do vínculo institucional e o mal-estar psicológico de pessoas ligadas a universidades”, explicam os pesquisadores.
(Imagem: Ascom Ufal)
Eles reforçam que a participação é voluntária. “Ou seja, você poderá desistir de sua participação a qualquer momento deste questionário. Além disso, todas as informações aqui encontradas são de caráter sigiloso e confidencial, sem a identificação dos respondentes”, complementam, ao dizer que os participantes terão acesso ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) podendo guardar uma cópia do documento.
Os pesquisadores dizem também que o planejamento inicial era coletar respostas de, no mínimo, 300 pessoas por grupo, o que totalizariam 1.200 pessoas. “Contudo, a coleta de dados de pesquisas pelo meio digital vem enfrentando uma dificuldade imensa nos últimos tempos, sobretudo depois do isolamento social que todos nós passamos em decorrência da pandemia de 2019”, explicam Elisabelle e Júlio Cezar.
Por que investigar o tema?
Segundo os pesquisadores, o estresse é um problema presente na vida da maioria das pessoas, tornando-o impossível de ser ignorado. Além disso, altos níveis de estresse podem trazer mal-estar psicológico e físico, o que pode ocasionar sintomas de ansiedade e depressão ou ainda alopecia e problemas digestivos que são doenças somáticas. E dizem mais: no ambiente acadêmico, ele se associa ao baixo desempenho de estudantes, impactando diretamente no dia a dia.
“Esperamos que os resultados dos nossos estudos possam servir como subsídio para a criação de políticas e estratégias que tragam uma melhor qualidade de vida à comunidade acadêmica em sua totalidade, resultando em melhorias físicas, psíquicas e sociais aos envolvidos. Esperamos também que o nosso instrumento possa ser utilizado por outras faculdades e universidades ao redor do Brasil, trazendo benefícios não somente à Ufal”, explicam Elisabelle e Júlio Cezar.
Eles contam também que a experiência do estresse é diferente em cada grupo estudado. Por conta disso, a investigação deve obedecer o contexto de cada grupo dentro da Universidade e também as suas inter-relações, com o objetivo de buscar estratégias que possam melhorar todas essas relações citadas e vivenciadas pelas pessoas.
“Enquanto o graduando se depara com atividades curriculares, os docentes, por sua vez, se deparam com toda a organização de atividades curriculares do semestre letivo. Os estudantes de pós-graduação podem sofrer maiores níveis de estresse na medida em que precisam conciliar a vida profissional e a sala de aula ou a ausência de bolsas de estudo que possibilitem dedicação exclusiva à pós. Não obstante, técnicos administrativos podem se deparar com a alta cobrança das atividades administrativas e as demandas oriundas dos demais segmentos”, apontam os pesquisadores.
Sobre o estudo
Os mestrandos contam que o projeto de pesquisa, orientado pelo professor Leogildo Alves, existe desde 2018 quando criou a Escala de Estresse Acadêmico (EEA), um mecanismo para mensurar o estresse dentro do ambiente universitário.
Mas foi neste ano que pesquisadores do Laboratório Alagoano de Psicometria e Avaliação Psicológica (Lapap) publicaram a atualização desse instrumento, que foi testado na época da pandemia para avaliar não somente o aumento do estresse acadêmico durante o período, mas também a qualidade do instrumento em contextos críticos, como a pandemia do novo coronavírus.
E o trabalho também teve uma outra derivação: também neste ano, outro grupo de pesquisadores uma atualização da Escala desta vez contando com estressores específicos de docentes universitários, gerando o chamado EEA-D.
“Atualmente, o projeto está construindo a adaptação do instrumento para o contexto de estudantes de pós-graduação e para técnicos. Consideramos que essas novas formas de mensurar o estresse acadêmico são cruciais para entender o fenômeno, uma vez que o estresse é derivado de uma relação entre o sujeito e o ambiente, e dentro do estresse acadêmico, várias formas de experienciá-lo podem acontecer e influenciar no desempenho acadêmico e na qualidade do trabalho de docentes e também de técnicos”, explicam eles.
Negra não é. Escura, em sombras, amedrontante, pode ser. Uma antiga campanha publicitária de uma fábrica de tintas tinha como “mote” que usava determinadas frases comparativas como “que seria do vermelho se não existisse o amarelo?” ou “que seria do azul se não existisse o verde?” e por aí ia fazendo um comparativo do valor das cores e da maneira como elas podem e devem conviver e subsistir para que a harmonia prevaleça e as grandes obras de arte tenham o imenso valor da cor. Ainda que o quadro seja pintado em preto e branco, cores magníficas para obras sensacionais. Além das próprias cores da cidade.
Começo este artigo com esta comparação de cores por achar absolutamente idiota e criminosa a outra comparação criada durante séculos e mantida, menos, mas ainda nos dias de hoje em que se pretenda estabelecer diferenças entre brancos e pretos, seres humanos absolutamente iguais e sob todos os pontos de vista. Se sociológica e antropologicamente o nosso país recebeu colonizações com acento maior de raça branca e achou que, por conta disso, poderia se aproveitar de situações de diminuição econômica e num determinado momento ir buscar mão de obra nos moldes da escravidão, sem dúvida alguma cometeu o maior dos seus erros. Ao confundir gente com animais domesticados e trazer essa gente para, escravizadamente, atender suas necessidades, repito, foi o maior erro histórico de nosso país. Erro que tem tido continuidade disfarçada em determinadas regiões do país, apesar dos rigores da lei cada vez mais modificada na proteção de todos os irmãos.
A luta pela abolição da escravidão no Brasil, foi uma luta incessante principalmente no final do século XIX quando finalmente a princesa Isabel assinou a Lei Áurea que abolia a escravidão no Brasil.
No entanto, foi exatamente aí que começou a questão terrível da desigualdade, da escravidão muda, onde os negros precisavam ter o seu sustento, mas salários não tinham e então, muitos deles continuaram escravizados em troca de simples pratos de comida e um lugar para se deitar. Mas era preciso muito mais e foi a partir de decisões isoladas que as coisas foram tomando pé, terrenos foram conquistados a duras penas e a sociedade brasileira gradativamente foi ficando mesclada, não só de brancos e pretos, mas também de índios, de europeus, de um grande volume de imigrantes que vieram buscar futuro neste Brasil continental e por aqui se espalharam e misturaram raças, formando com brancos e pretos brasileiros essa mescla fantástica que forma o nosso povo.
No entanto, os recalcitrantes modernos, os desrespeitosos, os pseudobrancos continuam a praticar o crime de racismo como se fossem os velhos colonizadores, senhores feudais, hipócritas do país. Sem dúvida que a parte deste país mais inteligente busca a igualdade em todos os níveis. No intelectual, na força do trabalho, na ambição social e financeira. Mas os recalcitrantes, os mal criados por seus ascendentes, estes ainda viram o nariz para qualquer raça diferente da branca que, aliás deve estar em extinção no Brasil possivelmente o país mais miscigenado do planeta.
Como muitos brasileiros sou absolutamente contra qualquer tipo de discriminação e como tal vejo com satisfação que o país está apertando suas leis no sentido de dar maior proteção às vítimas desse crime hediondo. E precisa fazer isto, mesmo, para eliminar da sociedade os que se fazem de deuses e acham que podem dividir o mundo entre eles e o resto.
Foi bom ver que a tipificação de crimes como a injúria racial estão mais bem enquadrados e serão punidos severamente, assim espero. Na verdade, nossos desejos são os de ver um dia que não haja mais necessidade de lei para que todos entendam que somos irmãos, sem interessar cor de pele, nem credos nem nada. Igualdade total é o que desejamos ver um dia em nosso Brasil. Porque, “o que seria do branco se não existisse o preto, o amarelo, etc, etc”? Tenhamos a verdadeira “consciência negra”.
Nossas boas vindas ao Jornalista Geraldo Câmara, que gentilmente nos autoriza a reproduzir os seus escritos somando aos nossos colaboradores com a sua opinião sobre diversos temas. Créditos do Autor, integrante da Tribuna Independente.
BARTPAPO COM GERALDO CÂMARA
SOBRE
Jornalista, apresentador do programa Bartpapo na Band Maceió e Diretor de Comunicação do Tribunal de Contas de Alagoas
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